sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Paranoá sempre-vivo

Tendo em vista o aproveitamento das águas do Lago Paranoá para abastecer parte de Brasília, é fundamental que cada cidadão se envolva e se responsabilize pela qualidade ambiental da bacia hidrográfica do Lago Paranoá. A mancha urbana de Brasília está à montante do Lago, ou seja, todas as atividades realizadas nela poderão afetar o corpo hídrico que está logo abaixo da cidade. Assim, ou todos nós, que temos interesse em manter qualidade de vida na cidade, nos envolvemos e sejamos mais críticos com as atividades que podem impactar o Lago, ou então vamos amargar um futuro de escassez de água doce de qualidade. Se estamos no mesmo barco, ou melhor, na mesma bacia, seria possível atingirmos uma cooperação intra-bacia?

Além dos efluentes sanitários despejados no lago diariamente, a questão do uso e ocupação do solo no DF é urgente. Mesmo com a ameaça de sofrermos de séria escassez*, o segmento imobiliário segue “otimista” na promessa de que o DF é um grande pólo de construção. São diversas construções imorais, não só na beira do Lago, como na bacia como um todo. Depois da vergonha nacional do setor “ecológico” Noroeste, agora uma série de novos empreendimentos como o Brisas do Lago, realizado por uma das construtoras da UHE Belo Monstro, a Odebrecht, quer se apropriar da área que não é destinada à residências para construir um parque aquático! Acho que está na hora de começarmos a questionar esses empreendimentos megalomaníacos que colocam em risco a segurança hídrica da cidade. Será considerável o aumento na demanda de água e certamente um grande impacto na disponibilidade do bem.

Agora é fundamental recuperar toda a APP (área de preservação permanente) do Lago e não jogar mais terra pra dentro dele. É bastante coerente o replantio não apenas da APP do Lago, mas da bacia toda. O passivo ambiental do GDF é de cerca de 1 milhão de mudas que são obrigados a plantar devido à empreendimentos realizados. Ademais, entidades como Ademi e Sinduscon, que foram homenageados pelo GDF com medalhas de honra ao mérito no cinqüentenário de Brasília, deveriam participar de atividades de fiscalização das áreas onde são despejados entulhos, como a área da ponte JK. Aquela obra do Tribunal de Contas da União, por exemplo, é uma vergonha, é despejado entulho da construção justo ao lado da obra. Enfim, é urgente um maior envolvimento de todos os setores da sociedade, inclusive do setor da construção civil, que têm se eximido das responsabilidades e apenas se apropriado de um valor coletivo, a paisagem, a vegetação, a terra sagrada.

*link: http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2011/02/09/interna_cidadesdf,236767/df-pode-ficar-sem-agua-suficiente-para-o-abastacimento-em-cinco-anos.shtml

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